Os setores mais tecnológicos perderam espaço na fatia de comércio realizado pelo Brasil com outros países ao longo dos últimos anos. De 2018 a 2021, a participação do setor de alta tecnologia nas exportações brasileiras diminuiu de 4,7% para 2,2% e a da indústria de média-alta tecnologia recuou de 15,8% para 11,9%, de acordo com um mapeamento realizado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
— O resultado chama atenção e torna, mais uma vez, oportunas as discussões sobre pontos importantes, como a internacionalização das pequenas e médias empresas e os financiamentos pré e pós-embarque e de seguro e garantias — afirma Daiane Santos, economista da Funcex.
Com uma fábrica em São Bernardo do Campo, em São Paulo, a Toledo do Brasil importa cerca de 40% da matéria-prima utilizada para produzir balanças, mas as exportações representam apenas 2% do faturamento da empresa.
tar a exportação além do nível de US$ 2 milhões ao ano por causa dos custos que temos, como o de mão de obra — diz Paulo Haegler, presidente da Toledo do Brasil.
Atualmente, a empresa exporta para a América do Sul e a Central. No futuro, se conseguir ampliar as suas vendas externas, planeja seguir com foco de atuação nos países sul-americanos.
— A gente não está com custos para brigar facilmente com a China em outros lugares — afirma Haegler.
A desorganização nas cadeias de suprimentos provocada pela pandemia de coronavírus fez com que os preços de itens importados pela empresa subissem de duas a três vezes em relação ao valor observado antes da crise sanitária.
— Quem conseguiu achar os componentes encontrou por preços mais altos e teve de fazer o repasse — diz o executivo, destacando os reajustes que variaram de 10% a 22% no último ano.
Para evitar problemas de abastecimento, a Toledo passou a investir R$ 30 milhões por ano em engenharia de desenvolvimento.
— Nesses últimos dois anos, o investimento foi três vezes maior do que a nossa depreciação, para melhorar as máquinas e o que temos dentro das companhia — afirma Haegler.
Déficit crescente
Em todo o setor de eletroeletrônicos, o déficit comercial cresceu 9% entre janeiro e setembro e chegou a US$ 27,5 bilhões. No acumulado do ano passado, o rombo foi de US$ 34,4 bilhões.
— Temos uma dependência de alguns insumos importados que nos tiram uma possibilidade estratégica de sermos fornecedores no Exterior — afirma Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
O setor poderia ter um resultado pior não fosse o câmbio desvalorizado — as vendas para o Exterior cresceram 18% neste ano.
— Houve um crescimento das nossas exportações, e isso vem sendo mantido por uma taxa de câmbio num nível viável para exportações, considerando os custos que nós temos no Brasil — afirma Barbato.
Na indústria química, as exportações também aumentaram. Elas registraram alta de 33% e chegaram a US$ 13,5 bilhões nos primeiros nove meses do ano, mas as importações tiveram um salto maior. Subiram 47,5% e somaram US$ 62,5 bilhões. O déficit acumulado, portanto, é de US$ 49 bilhões, acima do apurado no mesmo período de 2021 (US$ 46,3 bilhões).
— O setor químico vai ter um déficit acima de US$ 65 bilhões de dólares em 2022 — prevê Denise Mazzaro Naranjo, diretora de assuntos de comércio exterior da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
— Esse resultado se dá por questões do setor químico, que são naturais dele, por questões da macroeconômica do país, e por aspectos conjunturais. É uma tempestade perfeita que leva a esse déficit.
FONTE: O Estado de S. Paulo https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/noticia/2022/10/alta-tecnologia-perde-espaco-na-pauta-de-exportacao-brasileira-cl9mp27rr009y01g7765nankn.html