O Desempenho das Exportações do Agronegócio nos primeiros sete meses de 2020

9 Novembro 2020
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Autores

Embaixador Orlando Leite Ribeiro é secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SCRI/MAPA) e membro do Conselho Superior da Funcex.

Gustavo Cupertino Domingues é diretor, substituto, do Departamento de Negociações e Análises Comerciais (DNAC/SCRI/MAPA).

O objetivo deste artigo é abordar os aspectos que influenciaram o desempenho recorde das exportações do agronegócio brasileiro em 2020 e amenizaram a queda das exportações totais brasileiras até julho (-6,7%), em consequência da redução das exportações dos demais setores da economia (-18,8%). Observam-se, também, o comportamento das exportações brasileiras do agronegócio e suas principais características.

RECORDE DE EXPORTAÇÕES DURANTE A PANDEMIA

O ano em que o mundo enfrenta uma pandemia de Covid-19 é também o ano em que o agronegócio brasileiro reforça sua vocação exportadora. Mesmo sob o efeito de um contexto no qual muitos setores econômicos foram afetados, a agropecuária tem demonstrado não somente sua capacidade em evitar o desabastecimento interno, como em garantir a manutenção do fluxo internacional dos produtos brasileiros. Entre janeiro e julho de 2020, o agronegócio representou mais da metade das exportações totais do Brasil (50,6%). É a maior participação na pauta exportadora brasileira observada em toda a série histórica para os primeiros sete meses do ano.

Apesar dos impactos negativos na economia mundial em 2020, as exportações brasileiras do agronegócio já somaram US$ 61,19 bilhões. Trata-se de valor recorde para o período desde 1997 – 9,2% superior ao observado em 2019. Dois produtos registraram desempenho excepcional nos primeiros sete meses do ano: soja em grãos, com recorde histórico em valor (US$ 23,8 bilhões) e quantidade (69,75 milhões de toneladas); e carne bovina in natura, com recordes de exportação também em valor (US$ 4,16 bilhões) e quantidade (946,57 milhões de toneladas). O principal destino foi a China, que absorveu 72,6% da soja em grãos exportada pelo Brasil (US$ 17,27 bilhões), e, em conjunto com Hong Kong, foi responsável por 64,4% das exportações de carne bovina in natura no período.

Antes de abordar os fatores que favoreceram tal desempenho, é importante refletir sobre o ambiente de incertezas no início de 2020. As medidas de distanciamento social adotadas a partir de março no Brasil para a contenção da Covid-19 interromperam diversas atividades produtivas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o produto interno bruto (PIB) sofreu redução de 9,7% no segundo trimestre do ano na comparação com o primeiro. Em relação ao mesmo período de 2019, caiu 11,4%. Ambas as taxas foram as maiores quedas registradas na série, iniciada em 1996.

A flexibilização do isolamento pela definição de atividades essenciais, combinadas às políticas de preservação de emprego e auxílio emergencial, poderão influenciar a recuperação da economia no segundo semestre, com efeitos importantes sobre a demanda, especialmente de produtos de primeira necessidade. Mesmo com expectativas negativas sobre o PIB global do país, a agropecuária seguiu como destaque positivo. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou para 1,5% o crescimento do PIB do setor agropecuário neste ano, com expectativa de crescimento de 3,2% em 2021, o que deverá contribuir para atenuar a queda industrial, dado seu impacto sobre a produção de alimentos, segmento com peso importante na indústria de transformação brasileira. Se, por um lado, a queda da demanda agregada influenciou negativamente o PIB, por outro tornou possível a formação de excedentes exportáveis que influenciaram os resultados positivos das exportações em 2020.

No front externo, a China, nosso principal parceiro comercial, cresceu 3,2% no segundo trimestre de 2020, após apresentar queda no PIB de 6,8% no primeiro trimestre, relativo ao mesmo período em 2019. O país foi o primeiro a sofrer com a pandemia, mas também foi o primeiro a se recuperar de seus efeitos.

A retomada chinesa e outros aspectos que influenciaram o cenário favorável ao desempenho das exportações do agronegócio brasileiro em 2020 serão analisados a seguir.

A RECUPERAÇÃO CHINESA E O IMPULSO NAS EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO

O início da recuperação econômica da China em 2020 foi acompanhado por um processo de antecipação de importações do país, por aparente preocupação em garantir estoques internos de insumos e alimentos.

Como resultado, o mercado chinês foi o principal destino das exportações brasileiras do agronegócio em 2020, com US$ 24 bilhões, 29,3% a mais do que foi registrado no mesmo período em 2019. O share do país nas exportações do agro alcançou 39,2%, a maior participação na série histórica. O aumento nas exportações brasileiras de soja em grãos, carnes, açúcar de cana em bruto e algodão não cardado nem penteado foram responsáveis por essa expansão. Em conjunto, esses produtos registraram quase US$ 6 bilhões a mais em comparação ao mesmo período de 2019.

A China é a principal importadora de soja em grãos do Brasil, que, por sua vez, é o principal produto da pauta de exportação brasileira. Entre janeiro e julho de 2020, o país asiático importou 50,52 milhões de toneladas

(+31,9%), o que significou volume adicional de mais de 12 milhões de toneladas importadas comparado ao mesmo período de 2019. Em valores, foram US$ 17,27 bilhões, conforme mencionado anteriormente, ou, visto de outra forma, US$ 3,88 bilhões a mais que no ano anterior. O país foi o principal responsável pelo crescimento das exportações brasileiras de soja em grãos em 2020.

Gráfico 1. Exportações brasileiras de soja em grãos – principais destinos (2020 – jan./jul.)


Fonte: AgroStat Brasil a partir dos dados da Secex/ME. Elaboração: Mapa/SCRI/DNAC/CGEA. Dados extraídos em agosto de 2020. Sujeitos à alteração.

O mercado chinês elevou as importações de soja em grãos em 2020 para formação de estoques, de modo a auxiliar: (a) na recomposição do rebanho de suínos afetado pela peste suína africana (PSA), que acomete o país há mais de dois anos; e (b) no aumento da produção interna de carne de frango, que deverá crescer 13% em 2020, o que representará cerca de 28% de elevação entre 2017 e 2020.1

Aliás, a conjugação da reduzida oferta interna chinesa de carne suína e o aumento da demanda por proteínas animais justifica igualmente o crescimento das importações de carnes pela China e o crescimento das exportações desses produtos pelo Brasil, um dos poucos países com oferta exportável nos volumes desejados. Nos primeiros sete meses do ano, a demanda chinesa impulsionou as exportações brasileiras de carnes, e para lá direcionamos 40% do valor exportado pelo setor em 2020.

Gráfico 2: Exportações brasileiras do agronegócio - participação da China (2020 – jan./jul.)

Fonte: AgroStat Brasil a partir dos dados da Secex/ME. Elaboração: Mapa/SCRI/DNAC/CGEA. Dados extraídos em agosto de 2020. Sujeitos à alteração. Notas: 1. Carnes in natura. 2. Açúcar de cana em bruto. 3. Algodão não cardado e não penteado.

O país asiático destacou-se como principal comprador de todas as proteínas animais in natura exportadas pelo Brasil, conforme Gráfico 2. As exportações para todo o mundo, entre janeiro e julho de 2020, foram de US$ 4,16 bilhões para carne bovina in natura (+32,3%), US$ 3,45 bilhões para carne de frango in natura (-11,87%) e US$ 1,20 bilhão para carne suína in natura (+51,70%; recorde em valores e quantidade).

O SETOR AVÍCOLA NÃO ACOMPANHA O DESEMPENHO DAS PRINCIPAIS COMMODITIES

Quanto à carne de frango, apesar da queda em valores nas exportações totais de janeiro a julho de 2020, os volumes se mantiveram constantes se comparados ao mesmo período de 2019 (2,36 milhões de toneladas, -0,02%). Portanto, a perda de valor relaciona-se à redução do preço internacional na mesma proporção da queda das exportações em valores. Uma série de medidas adotadas pelos principais destinos para as exportações brasileiras de carne de frango in natura nos últimos anos afetaram o balanço entre oferta e demanda no mundo, com reflexos nos preços do produto.

Na comparação com o mesmo período em 2019, as principais quedas nos valores e volumes exportados pelo Brasil de carne de frango in natura foram para Arábia Saudita (-US$ 133,97 milhões; -39,20 mil toneladas), Emirados Árabes Unidos (-US$ 116,06 milhões; -47,42 mil toneladas), México (-US$ 74,18 milhões; -36,28 mil toneladas), União Europeia (-US$ 58,70 milhões; -3,67 milhões de toneladas) e África do Sul (-US$ 46,73 milhões; -26,37 mil toneladas). Em todos esses mercados, a adoção de medidas protecionistas influenciaram a queda nas importações brasileiras: Arábia Saudita e Emirados Árabes – medidas em série, adotadas sobretudo na Arábia Saudita, em favor da produção local de carne de frango em busca de autossuficiência (elevação tarifária, fim de pré-listing, desabilitação de plantas brasileiras para exportar); México – fim das cotas erga omnes, isentas da tarifa NMF (Nação Mais Favorecida) de 75%, adotadas desde 2013 (300 mil toneladas, adicionadas de mais 55 mil toneladas em 2019); África do Sul – tarifa de importação dos cortes com osso elevada de 37% para 62% e dos cortes sem osso de 12% para 42%.

As medidas descritas, somadas ao impacto da pandemia sobre o setor de hospitalidade em virtude do fechamento de bares, restaurantes e hotéis, resultaram em queda expressiva de demanda internacional e reflexo negativo nos preços internacionais. Todos esses países são grandes importadores de carne de frango.

Mesmo na China, em que as exportações brasileiras de carne de frango in natura apresentaram desempenho positivo entre janeiro e julho de 2020 (+19,20% em valores e +28,22% em volumes), comparados a 2019, houve medidas de defesa comercial adotadas que resultaram em compromissos de preços entre exportadores brasileiros e o governo chinês. Tal fato reduz a competitividade brasileira, dificultada pela forte expansão da produção na China.

SUPERSAFRA BRASILEIRA DE GRÃOS E A IMPORTÂNCIA DA SOJA NA PAUTA EXTERNA

A safra brasileira de grãos 2019/2020 atingirá o patamar recorde de 253,68 milhões de toneladas (+4,8%), segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).2 Tal resultado decorre de aumento da área plantada, que alcançou 65,9 milhões de hectares (+4,2%), e dos níveis de produtividade (+0,6% ou 3.849 kg por hectare).

A safra brasileira de soja foi estimada em 120,9 milhões, enquanto a safra de milho está estimada em 102,1 milhões de toneladas. A soma da produção dos dois produtos responde por 87,9% do total da safra de grãos. A segunda safra ou safrinha segue como principal responsável pela produção de milho, utilizando a mesma área de plantio em sucessão à soja. O atraso no plantio da soja e a consequente colheita tardia do milho de segunda safra trouxeram repercussão negativa às exportações de milho em 2020: queda de 51,4% em valores comparados a janeiro-julho de 2019. Espera-se reversão desse quadro a partir das exportações de agosto.

Como consequência da concentração na produção, as exportações brasileiras de grãos também são concentradas. De janeiro a julho de 2020, as exportações brasileiras de grãos foram de 92,67 milhões de toneladas, dos quais 83,0 milhões foram de soja em grãos ou convertidas em farelo (69,7 milhões de toneladas de soja em grãos somadas a 10,2 milhões de toneladas de soja em grãos incluídas no farelo de soja exportado).3 A oleaginosa é responsável por quase 40% das exportações brasileiras do agronegócio em 2020. Enquanto as exportações de soja em grãos aumentaram US$ 5,94 bilhões, as exportações do agronegócio cresceram US$ 5,14 bilhões em 2020, até julho.

O volume recorde de exportações afetou a disponibilidade interna de soja em grãos e elevou as importações do produto. Entre janeiro e julho de 2020, adquirimos cerca de 400 mil toneladas (+281,8%), ao custo de US$ 104,36 milhões (+270,1%). Praticamente todo o volume importado é proveniente do Paraguai.

A INFLUÊNCIA DO CÂMBIO COMO ESTÍMULO ÀS EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO – DÓLARES E REAIS

As flutuações recentes da taxa de câmbio real/dólar têm estimulado as exportações do agronegócio em 2020 pelo crescimento da rentabilidade dos exportadores em reais. O próprio incremento das exportações em dólares entre 2016 e 2020, de US$ 52,81 bilhões para os mencionados US$ 61,19 bilhões de 2020 (+15,9%, comparando-se os períodos de janeiro a julho), já aponta para elevação de renda dos exportadores. Observar o comportamento da taxa de câmbio de 2016 a 2020 ajuda a explicar se a elevação das exportações em dólares foi, de fato, convertida em aumento da receita dos exportadores em reais.

Entre janeiro de 2016 e julho de 2020, a taxa de câmbio comercial (valor de compra) oscilou de R$ 4,04 por dólar até R$ 5,20 por dólar, ao final do período, segundo o Banco Central do Brasil. Tal variação traduz-se em incremento de 30% nas receitas dos exportadores em reais.

Gráfico 3: Taxa de câmbio real/dólar

Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: MAPA/SCRI/DNAC/CGEA.

Com a desvalorização nominal da moeda brasileira em 2020, evidente no Gráfico 3, e o aumento das vendas externas do agronegócio em dólares, as exportações brasileiras do agronegócio em reais atingiram patamar muito superior ao dos anos anteriores, além de favorecer a competitividade do produto exportado.

Gráfico 4: Exportações brasileiras do agronegócio em reais (jan./jul.)

Fonte: AgroStat Brasil a partir dos dados da Secex/ME e Banco Central do Brasil. Elaboração: MAPA/SCRI/DNAC/CGEA. Dados extraídos em agosto de 2020. Sujeitos à alteração.

Tomando-se para efeitos de comparação os últimos cinco anos, as exportações do agronegócio brasileiro, mensuradas em reais, decolaram a partir de fevereiro de 2020, como se pode ver no Gráfico 4. Quando se compara o acumulado em 2020 ao mesmo período de 2019, as exportações em reais de 2020 (R$ 315,73 bilhões) foram 46,97% superiores a 2019 (R$ 214,82 bilhões).

O maior pico mensal das exportações em reais do agronegócio foi observado em maio de 2020 (R$ 56,97 bilhões), valor 56,06% superior a maio de 2019, e a maior variação mensal observada relativa a 2019 foi em junho de 2020 (+72,16%), quando as exportações em reais alcançaram R$ 52,09 bilhões. O aumento da receita em reais dos exportadores deverá incentivar o aumento das inversões para expansão das culturas de exportação na safra 2020/2021.

CONCLUSÕES

Ao refletirmos sobre o desempenho recorde das exportações brasileiras do agronegócio até julho de 2020, verificamos diversos elementos que influenciaram essa ótima performance relacionados às próprias consequências da pandemia, à recuperação econômica da China, à disponibilidade interna de excedentes exportáveis no Brasil e a desvalorizações cambiais do real frente ao dólar. Esses elementos influenciarão o processo decisório para a produção agropecuária brasileira de 2020/2021 e trarão novos efeitos positivos para expansão futura das exportações do agronegócio brasileiro.

Gráfico 5: Exportações brasileiras do agronegócio

Fonte: AgroStat Brasil a partir dos dados da Secex/ME e Banco Central do Brasil. Elaboração: MAPA/SCRI/DNAC/CGEA. Dados extraídos em agosto de 2020. Sujeitos à alteração.

 A evolução das exportações brasileiras do agronegócio é impressionante, partindo de US$ 23,34 bilhões em 1997 para patamares próximos a US$ 100 bilhões a partir de 2017. O fenômeno de crescimento das exportações do agronegócio brasileiro é largamente explicado pelo crescimento histórico das exportações de soja em grãos, conforme o Gráfico 6.

Gráfico 6: Exportações brasileiras de soja em grãos

Fonte: AgroStat Brasil a partir dos dados da Secex/ME e Banco Central do Brasil. Elaboração: MAPA/SCRI/DNAC/CGEA. Dados extraídos em agosto de 2020. Sujeitos à alteração.

O avanço da soja resultou em grande concentração da pauta exportadora brasileira. Os oito principais setores exportadores do agronegócio representaram 92% da pauta em 2020: complexo soja, carnes, produtos florestais, complexo sucroalcooleiro, café, cereais, fibras e têxteis, e sucos. A concentração da pauta de exportação brasileira do agronegócio em poucos produtos acentuou-se mesmo diante do recorde de exportações. Os demais setores exportados pelo agronegócio brasileiro somaram US$ 5,67 bilhões em vendas externas entre janeiro e julho de 2020. No mesmo período de 2019, esses demais produtos exportaram US$ 4,99 bilhões.

Gráfico 7: Exportações brasileiras do agronegócio – principais setores (2020 – jan./jul.)

Fonte: AgroStat Brasil a partir dos dados da Secex/ME e Banco Central do Brasil. Elaboração: MAPA/SCRI/DNAC/CGEA. Dados extraídos em agosto de 2020. Sujeitos à alteração.

A China é o principal importador mundial de soja em grãos, sendo responsável por 60,6% das aquisições do produto em 2019. O Brasil é seu maior fornecedor, com 65,1% de market share naquele mesmo ano. Nos primeiros sete meses de 2020, com a safra praticamente toda embarcada, esses números são ainda mais impressionantes: só as exportações de soja em grãos para a China representam mais de um quarto (28,23%) de todas as exportações de produtos brasileiros do agronegócio para o mundo!

A concentração nas exportações de soja para a China ajuda a explicar o Gráfico 8 (na página seguinte), que retrata os principais destinos das exportações do agronegócio nos primeiros sete meses do ano. A China teve participação recorde de 39,2% para o período compreendido entre janeiro e julho (US$ 24 bilhões). No mesmo marco temporal, em 2019, a participação da China foi de 33,1%. Visto sob outro prisma, as exportações para a China foram equivalentes à soma das exportações para União Europeia (US$ 9,80 bilhões), América do Norte (US$ 4,58 bilhões), América do Sul (US$ 3,03 bilhões), África (exceto Oriente Médio, US$ 3,24 bilhões) e Oriente Médio (US$ 3,26 bilhões).

A tendência, no entanto, com o início da comercialização da safrinha (milho), é de que a China reduza um pouco a participação como destino das exportações brasileiras do agronegócio, tendo em vista que esse país não importa milho do Brasil por falta de entendimento em torno da certificação fitossanitária.

Gráfico 8: Exportações brasileiras do agronegócio – principais destinos (2020 – jan./jul.)

Fonte: AgroStat Brasil a partir dos dados da Secex/ME e Banco Central do Brasil. Elaboração: MAPA/SCRI/DNAC/CGEA. Dados extraídos em agosto de 2020. Sujeitos à alteração.

A concentração das exportações brasileiras em poucos produtos e em um único destino em nada contribui para a estabilidade da nossa pauta. As razões são óbvias: mudanças em padrões de consumo dos importadores ou quebras de safras na produção brasileira, entre outras razões, poderiam ter efeitos devastadores em nossa balança comercial. Não se trata aqui de advogar pela redução das exportações de soja ou por menor dependência da China. Não podemos – nem devemos – prescindir desse comércio, mas precisamos nos esforçar para diversificar a pauta de exportação.

Abrir novos mercados tem sido prioridade da ministra Tereza Cristina desde que assumiu o cargo. A partir de janeiro de 2019, foram 89 novos mercados para o agronegócio, sendo que boa parte desse esforço foi direcionado para mercados e produtos não tradicionais. Para ficar em alguns exemplos, abriram-se: lácteos para China, Tailândia e Egito; castanha de baru e chá mate para Coreia do Sul; peixes vivos para Argentina; castanha do Brasil para Arábia Saudita; melão para China; gergelim para Índia; queijos para Austrália; e arroz para o México.

Abrir mercados, no entanto, não significa ampliar comércio. É preciso haver um trabalho de preparação do produtor e do exportador para atender às demandas de cada um desses novos clientes. É preciso, igualmente, desenvolver atividades de promoção comercial e de imagem. E é necessário, sobretudo, engajamento do setor privado, pois é ele quem, no fim das contas, responde pelo comércio.

SITES PESQUISADOS

  • blog.aegro.com.br
  • g1.globo.com
  • indicadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm
  • noticias.r7.com
  • www.canalrural.com.br
  • www.conab.gov.br
  • www.ibge.gov.br
  • www.ipea.gov.br
  • www.nexojornal.com.br
  • www.poultryworld.net
Notas explicativas:

*Os gráficos e as estatísticas foram preparados pela equipe da Coordenação Geral de Estatísticas e Análise Comerciais (CGEAD/DNAC/SCRI/MAPA).

1 Fonte: United States Department of Agriculture (USDA).

2 As estatísticas da safra brasileira divulgadas neste artigo são do 11o Levantamento de Safra de Grãos da Conab, anunciados em 11 de agosto de 2020. Há previsão de que em 10 de setembro as estatísticas sejam revisadas no 12o levantamento. Fonte: Conab - https://www.conab.gov.br/info-agro/safras.

3  Em relação à utilização de soja em grão para a produção de farelo de soja, o fator de conversão é 1,3. Ou seja, são esmagadas cerca 13 milhões de toneladas de soja em grão para a produção de 10 milhões de toneladas de farelo de soja, ainda tendo o óleo de soja como resultante desse processo.

4  Não se menciona a taxa de câmbio efetiva que demonstraria o diferencial de taxa de inflação entre os países considerados. No caso da taxa de câmbio real/dólar, seria a diferença entre a inflação norte-americana e a brasileira para avaliar o poder de compra real da moeda.

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