25 anos da Apex-Brasil e seus novos desafios

19 Outubro 2022
/ Revista Brasileira de Comércio Exterior

por Antonio Carlos da Silveira Pinheiro
Presidente da Funcex

Este ano a Apex-Brasil completou 25 anos de atividades com importantes realizações.

A Funcex tem a satisfação e o orgulho de ter contribuído decisivamente para a criação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). À época, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), realizou minucioso estudo sobre os programas de promoção comercial, em que analisava a experiência internacional das ações, atividades e fontes de funding utilizadas para promover as exportações. Com base nesse estudo, o então presidente da Funcex e ex-diretor da Cacex, dr. Benedicto Fonseca Moreira, defendeu em todas as esferas em Brasília a importância de se ter um programa oficial de promoção comercial às exportações. Depois do incessante trabalho de convencimento junto às autoridades governamentais efetuado pelo dr. Benedicto, o estudo realizado pela Funcex ajudou a fundamentar a exposição de motivos que justificaram a criação, em 1997, da Apex-Brasil, no âmbito do Sebrae-Nacional. As diretrizes estratégicas estabelecidas à época eram (e ainda o são) a promoção das exportações e do trade, a promoção da organização das atividades exportadoras, a pesquisa e seleção de mercados e o acesso das pequenas e médias empresas (PMEs) aos mercados internacionais e ao trade finance.

Desde então, o panorama das exportações brasileiras mudou completamente. Em 2021 elas somaram U$ 280,394 bilhões e foram realizadas por cerca de 31 mil empresas, das quais 15,8 mil eram exportadoras tradicionais, 5,2 mil exportadoras estreantes em 2021 e as restantes 10 mil empresas vendem para o exterior de forma descontínua ou eventual. Desse total, a indústria teve 17,5 mil empresas exportando, sendo 9,4 mil exportadoras contínuas. E o comércio teve 10,4 mil empresas exportadoras em 2021, sendo metade delas exportadoras contínuas, com um ingresso de 3, 1 mil novas empresas exportando entre 2017 e 2021.

A Apex-Brasil está se lançando em quatro novos desafios: (i) diversificar os produtos e serviços oferecidos e ofertados ao exterior de modo a incentivar um processo de transformação e diversificação da composição da pauta de exportações de bens e serviços nacionais; (ii) diversificar a origem e as regiões geográficas, no Brasil, que podem ofertar bens e serviços com qualidade e quantidade apropriadas para serem vendidos no mercado internacional, contribuindo e incentivando uma diversificação e uma maior orientação externa dos municípios brasileiros; (iii) diversificar o destino dos bens e serviços ofertados pelo Brasil, abrindo espaço em novos mercados e países no exterior, incentivando e potencializando a nossa característica de sermos um global trader; e, por último, (iv) expandir a nossa base de empresas exportadoras por meio do incentivo à inserção de MPES nos negócios internacionais e também das empresas brasileiras nas cadeias de globais de valor.

São objetivos extremamente desejáveis que poderão ser mais facilmente alcançados pelo incremento de parcerias público-privadas entre a Apex-Brasil e as empresas e entidades representativas do setor privado. Dado que os objetivos a serem perseguidos são múltiplos – diversificar região produtora, produtos e serviços, destinos e mercados compradores – um esforço coletivo para identificar, selecionar e sugerir oportunidades em cada uma dessas dimensões seria altamente benéfico. Capacitar e dotar os talentos com conhecimentos em nível de chão de fábrica, e também identificar as oportunidades de conquistas no mercado externo com criatividade e melhoria contínua de processos para uma produção competitiva são importante atividades complementares que podem ser desenvolvidas com apoio do setor privado e das instituições voltadas ao desenvolvimento do comércio exterior, como a Funcex.

A análise de dados propicia acertos nos diagnósticos de potencial e acuidade nas pesquisas. É importante investigar o desempenho exportador de cada estado do Brasil e a mudança na estrutura e composição das exportações das regiões geográficas de cada estado e dos municípios segundo produtos (classes), setores, locais de saída das exportações e mercados de destino das exportações. Ênfase especial deve ser dada à análise da base de empresas exportadoras segundo cruzamentos de tipo e frequência por setor de atividade, e por município, de modo a se ter mapas, infográficos e o perfil das empresas conforme seus endereços e com sua localização georreferenciada.

Isso proporcionaria o conhecimento da estrutura e da composição das exportações de cada estado e, ainda, a identificação dos produtos e dos mercados passíveis de se iniciar um processo de exportação. Também facultaria um perfil estatístico da participação das empresas que atuam no comércio exterior de cada estado, avaliado com base em amplo leque de indicadores e conceitos, o que se afigura imprescindível para a formulação e o adequado monitoramento dos resultados das políticas públicas voltadas para a inserção internacional das empresas de diversos portes e setores da economia de cada Estado.

A análise combinada de dados sobre a expansão da base exportadora (número de empresas, frequência e porte das mesmas); dos mercados de destino das exportações; dos setores de atividade envolvidos; do número de empresas estreantes em cada ano e do grau de permanência dessas empresas no comércio exterior; dos produtos exportados por estado e munícipios; e do grau de intensidade tecnológica, constitui informação essencial para a tomada de decisão de medidas de políticas públicas para diversificar as vendas e os destinos dos mercados externos e para incentivar o processo de internacionalização das empresas em cada estado da Federação brasileira.

As fontes de informação para as séries estatísticas são basicamente aquelas fornecidas pela Secex/Ministério da Economia, pelo Contrade, pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e pelo IBGE. Essas informações estatísticas primárias são um tipo de big data que requer conhecimento de data science para se produzirem informações adequadas à tomada de decisão por parte dos policy makers.

A Funcex é a mais antiga fundação de direito privado para o desenvolvimento do comércio exterior brasileiro. Criada em março de 1976 pelo então ministro Mário Henrique Simonsen, teve como seu primeiro presidente o ex-ministro Marcus Vinícius Pratini de Morais e, também como presidente, o mesmo Benedicto Moreira que tanto lutou pela criação da Apex-Brasil. Hoje a Funcex encontra-se totalmente apta e pronta a contribuir nesse processo.

A Funcex tem o orgulho de ter a Apex-Brasil como membro de seu Conselho Superior e a saúda pelos seus 25 anos de importantes trabalhos em prol do empresariado de nosso país, com votos de uma longa jornada de relevantes serviços.

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