Boletim de Balança Comercial - 08/2023​​

Em foco
  • As vendas brasileiras ao exterior registraram valor de US$ 28,9 bilhões em julho, assinalando contração de 3,1%, em relação ao valor exportado no mesmo mês do ano passado (Tabela 1). Segundo a classificação por classes de produtos, a redução das exportações foi generalizada na mesma comparação, com variações negativas em todos os casos: Básicos (-1,2%), Semimanufaturados (-6,0%) e Manufaturados (5,4%). No acumulado do ano até julho, as quedas foram nas agregações Semimanufaturados (-0,4%) e Manufaturados (-1,4%). Na decomposição por categorias de uso, o quadro é destinto. Enquanto Bens de capital apresentou elevação significativa (24,2%) os Combustíveis apresentaram queda de 6,4%. Na mesma comparação, os Bens intermediários aprestaram estabilidade (0,4%) e os Bens de consumo duráveis elevação de 1,1%, como pode ser visto na Tabela 1.
  • Na exportação, 17 dos 30 setores registraram queda no valor exportado no acumulado até o mês de julho, comparativamente ao mesmo período de 2022 (Tabela 1). Dentre os 10 setores com maior peso na pauta de exportação, responsáveis por mais de 80% das vendas externas, cinco setores registram queda da exportação. Entre os setores com variações negativas destacamos três setores relevantes: Derivados do petróleo biocombustíveis e coque (-12,9%), Produtos químicos (-15,1%) e Metalurgia (-13,3%). Ásia, União Europeia e Aladi foram os principais blocos de origem das importações brasileiras no acumulado até julho. Na comparação entre países, no acumulado do ano até julho, a China lidera, seguida pelos Estados Unidos e pela Argentina (Tabela 2).
  • As importações totais somaram US$ 20,0 bilhões no mês de julho, o que representa uma queda de 18,2% em comparação com julho de 2022 (Tabela 3). Na comparação com o ano passado destacam-se as quedas nas importações de bens intermediários (-25,3%) e Combustíveis (31,0%). No acumulado do ano, as importações registram retração de 8,8%, com destaque para a evolução negativa também de Bens intermediários (-13,4%) e Combustíveis (21,6%).
  • Ásia, União Europeia e EUA + Canadá foram os principais blocos de origem das importações brasileiras no mês de julho, quadro similar ao observado no acumulado em 12 meses (Tabela 4). Na comparação entre países em julho, a China lidera com 20,9% de participação, seguida pelos Estados Unidos (16,7%) e pela Alemanha (6,3%). Até julho, o Brasil acumula saldo superavitário de US$ 53,6 bilhões. Os países com maior contribuição positiva para esse resultado são a China (US$ 29,0 bilhões), Países Baixos (5,0 bilhões) e Argentina (US$ 4,1 bilhões) (Tabelas 5 e 6).
  • Até o mês de junho, o índice de rentabilidade das exportações acumulou queda de 1,7%, na comparação com o primeiro semestre de 2022. No acumulado em 12 meses o resultado é semelhante: o índice de rentabilidade das exportações apresentou queda de 1,9%, como pode ser visto na Tabela 7.
  • Na comparação com junho de 2022, a rentabilidade das exportações brasileiras declinou 9,1%, como resultado da valorização cambial (3,9%) e da queda nos preços dos produtos exportados (-15,6%), visto que os custos declinaram 10,7% nesta mesma comparação.
  • A Tabela I apresenta a desagregação do Índice de rentabilidade das exportações dos 10 setores mais relevantes na exportação brasileira. Os dados são referentes as variações do primeiro semestre de 2023 em relação ao primeiro de 2022. Cabe destacar que a rentabilidade das exportações é composta pelo preço de venda dos produtos no exterior, a taxa de câmbio e os custos de produção dos bens exportados. Por sua vez, o custo é composto por custos de insumos nacionais importados, serviços e salários pagos pelos produtores.

Tabela I. Desagregação do índice de rentabilidade das exportações –
10 setores mais relevantes – Comparação jan-jun 2023 contra jan-jun 2022

Fonte: Elaborado pela Funcex a partir de dados da Secex/ME. Notas: Vide o Apêndice Metodológico.

  • Seis dos dez setores mais relevantes na pauta exportadora do país apresentaram quedas nos índices de preços de exportações no acumulado do ano (Tabela I). Algumas quedas, como as observadas nos setores Extração de petróleo e gás natural (-19,0%), Derivados do petróleo, biocombustíveis e coque (-13,1%) e Extração de minerais metálicos (-10,9%), foram particularmente significativas, pois juntos contemplaram elevada participação na pauta exportadora, da ordem de 27% e no período exerceram forças substâncias para o declínio do Índice de rentabilidade total.
  • Como pode ser observado na Tabela I, todos os setores que apresentaram quedas nas rentabilidades foram contemplados com reduções nos preços dos produtos, o que gerou um efeito negativo na rentabilidade do exportador. A redução nos custos, por sua vez, na comparação acumulado do primeiro semestre de 2023, não exerceu força suficiente para compensar o efeito negativo do preço e consequentemente gerar competitividade dos produtos exportados no mercado internacional.
  • Com relação aos custos as diminuições foram generalizadas, sendo que para as divisões Derivados do petróleo, biocombustíveis e coque e Metalurgia os efeitos positivos na rentabilidade foram maiores. O câmbio, no período analisado, não exerceu forças consideráveis para elevar a rentabilidade ou mitigar a perda da mesma.
  • Para julho, não é esperada uma elevação nos preços dos produtos exportados que possa gerar algum ganho na rentabilidade do exportador. Com relação à taxa de câmbio, em julho o resultado será semelhante a junho, permanecendo estável. Os ganhos dos exportadores de alguns setores podem vir apenas de uma nova redução de custos, contudo não tão expressiva como a observada em junho.
  • A Tabela II apresenta o Índice de concentração dos destinos das exportações brasileiras considerando os 20 principais destinos das exportações brasileiras. No acumulado do janeiro a julho de 2023, os vinte principais países (por ordem de participação) foram: China, U.E., Estados Unidos, Argentina, México, Chile, Japão, Coreia do Sul, Canadá, Índia, Colômbia, Reino Unido, Paraguai, Arábia Saudita, Peru, Irã, África do Sul, Rússia, Hong Kong, Venezuela e Santa Lúcia.
  • Como pode ser visto, ao longo dos anos houve elevação do grau de concentração dos destinos das exportações brasileiras. No período de 2003 a 2010 79,7% das exportações brasileiras tinham como destino 20 regiões, já entre 2019 e 2022 o percentual passou para 82,8% e no acumulado de 2023 83,7% dos US$ 194,2 bilhões recebidos por mercadorias exportadas para o exterior tiveram como origem 20 pais. O país que elevou sua participação de forma substancial foi a China, que no período de 2003 a 2010 apresentava 9,2% e agora no acumulado até julho englobou mais de 30% do volume em dólares exportado pelo Brasil. Na mesma comparação a UE, EUA, e Argentina perderam participação na pauta exportadora brasileira. A União europeia que apresentava participação de quase 21% no período de 2003 a 2010 hoje apresenta apenas 13,5%. Já os EUA, por exemplo, passaram da segunda posição no ranking para a terceira e hoje engloba apenas 10,5% do total exportado.

Tabela II. Índice de concentração dos destinos das exportações brasileiras considerando os 20 primeiros em cada período selecionado. Valores médios no período

Fonte: Elaborado pela Funcex a partir de dados da Secex/MDIC. Nota: A lista de países constantes na U.E. não altera no decorrer dos anos e utiliza a configuração do último ano.

Informações disponíveis até 15/08/2023.

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