Boletim de Balança Comercial - 05/2023

Em foco
  • As exportações registraram valor de US$ 27,4 bilhões em abril, o que significou queda de 5,5% em relação ao valor exportado no mesmo mês em 2022 (Tabela 1). Todas as classes de produtos apresentaram reduções, com destaque para a queda nas vendas ao exterior de produtos Semimanufaturados (18,7%) influenciada, especialmente, pelas reduções observadas nas exportações de Celulose (-10%, com peso de 31% nas exportações de semimanufaturados no período), Produtos semimanufaturados de ferro ou aços (-26%, com peso de 21% nas exportações de semimanufaturados no período), Açúcar de cana, em bruto (-13%, com peso de 18% nas exportações) e Óleo de soja em bruto (-41%, com peso de 10% nas exportações). Na classificação por categorias de uso, destacamos as quedas ocorridas em Combustíveis (-22,5%) e Bens de consumo não duráveis (-11,7%).
  • No acumulado do ano, o total exportado foi de US$ 103,3 bilhões, valor que assinala elevação de 1,6% em relação ao mesmo período de 2022. Nesta comparação todas as classes de produtos registraram elevação inferior a 2%. Com relação ao destino das exportações do período, destacamos a China, os Estados Unidos e a Argentina, que juntos somaram US$ 46,6 bilhões no período (Tabela 2).
  • As importações totais do país somaram US$ 7,7 bilhões no mês de abril, representando queda de 7,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado (Tabela 3). Duas das cinco Grandes categorias econômicas apresentaram queda nas importações e impactaram negativamente o valor total importado, a saber: Combustíveis (-19,7%) e Bens intermediários (-11,1%), juntos estas categorias somaram 75,5% do total importado em abril do ano vigente.
  • No acumulado do primeiro quadrimestre de 2023 as importações apresentaram queda de 2,3%, na comparação com o período homólogo, como pode ser visto na Tabela 3. O declínio foi provocado pelas quedas nas importações de combustíveis e bens intermediários que juntos somaram 78,3% do total importado no período. Com relação à origem das importações do período, destacamos a China, os Estados Unidos e a Alemanha, que juntos somaram US$ 33,8 bilhões no período (Tabela 4).
  • Em março o Índice de Rentabilidade das Exportações registrou elevação de 1,9% em comparação com o mesmo período de 2022. Já no primeiro trimestre de 2023, o Índice de Rentabilidade das Exportações registrou queda marginal de 0,1%, em comparação com o primeiro trimestre de 2022. A queda marginal da rentabilidade das exportações nessa comparação resultou da valorização nominal do Real, frente ao Dólar, dado que os custos apresentaram queda de 0,4%, e os preços apresentaram pequeno aumento de 0,1% no período.
  • Os índices de Rentabilidade das Exportações dos setores da CNAE 2.0 (ver Tabela 7) podem ser reagrupados em três agregados, a saber: Indústrias Extrativas (Extração de petróleo e gás natural; Extração de minerais metálicos e Extração de minerais não metálicos); Setores não industriais (Agricultura e pecuária; Produção florestal e Pesca e aquicultura); e Indústrias de Transformação (os demais setores da CNAE 2.0).

Tabela I. Índices de Rentabilidade Média das Exportações (custos nominais, de preços e de câmbio nominal) Dados médios dos primeiros trimestres dos anos 2021, 2022 e 2023

Fonte: Elaborado pela Funcex a partir de dados da Secex/ME. Notas: *Vide o Apêndice Metodológico.

  • A Tabela I apresenta os Índices de Rentabilidade Média das exportações e seus componentes (os custos de produção, os preços dos produtos exportados e o câmbio nominal). O Índice de Rentabilidade das Exportações de Produtos Extrativos apresentou quedas acentuadas nos primeiros trimestres de 2023 e de 2022. A rentabilidade do exportador desta agregação em 2022, na comparação com 2021, foi 15,0% inferior. Em 2023 a rentabilidade média do primeiro trimestre apresentou declínio também acentuado, 13,0%, na comparação com 2022. As perdas de rentabilidades seguidas (2022 e 2023) não tiveram a mesma causa. Em 2022 o declínio da rentabilidade exportadora foi provocado, principalmente, pela elevação nos custos de Extração de petróleo e gás natural; Extração de minerais metálicos e Extração de minerais não metálicos, que no período apresentou elevação média de 20,0%. Nesta comparação, os preços internacionais dos produtos Extrativos exerceram forças positivas no ganho do exportador, diferentemente do ocorrido no primeiro trimestre de 2023, nesta comparação o custo apresentou elevação marginal (0,1%) e o índice de preços apresentou declínio de 13,4%, sendo então o componente mais significativo na perda de rentabilidade dos exportadores de produtos Extrativos no período. Cabe destacar que o Índice de câmbio nominal apresentou queda marginal de 0,7%, no período em questão, trazendo, assim, um impacto pouco significativo na rentabilidade da agregação de produtos Extrativos.
  • Note-se que no primeiro trimestre de 2023 o Índice de Rentabilidade das Exportações das Indústrias de Transformação registrou elevação (3,6%) em relação ao mesmo período de 2022. As elevações nos preços das Indústrias de Transformação foram primordiais para o aumento de rentabilidade da agregação, visto que o custo de produção e o câmbio nominal tiveram efeitos marginais (-0,5% e -0,7%, respectivamente). O índice de rentabilidade das exportações dos Setores Não Industriais, por sua vez, apresentou elevação (6,8%) no mesmo período. O efeito da elevação nos preços (7,6%) também exerceu força positiva, contribuindo para a elevação da rentabilidade média do exportador de Produtos da Agricultura e pecuária; da Produção florestal e da Pesca e aquicultura no primeiro trimestre de 2023.
  • É possível destacar que as Indústrias Extrativas estão enfrentando o desafio de arrefecimento dos preços internacionais, que por sua vez, corroem a rentabilidade dos exportadores. Isso, após um período de ajuste de custos de produção enfrentado pela Indústria no ano de 2022. As expectativas são de que o câmbio não conseguirá, em 2023, compensar o forte declínio dos preços internacionais dos produtos agregados nessa classificação.
  • Em síntese, no acumulado do primeiro trimestre de 2023, na comparação com o mesmo período de 2022, das três agregações supramencionadas (Indústrias Extrativas, Indústrias de Transformação e Setores Não Industriais) apresentaram ganhos distintos nas rentabilidades médias. Enquanto as Indústrias Extrativas enfrentam perda de rentabilidade (13,5%), as Indústrias de Transformação apresentam ganhos de rentabilidade de 3,6%, provocados pela elevação nos preços de 3,8%, somados à diminuição dos custos de 0,5%, visto que no período o Real apresentou valorização frente ao Dólar de quase 1% (ver Tabela 7). Por fim, os Setores Não Industriais – Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura – apresentaram ganhos na rentabilidade de 6,3%, influenciados positivamente somente pela elevação dos preços (7,6%), visto que os outros componentes (custos e taxa de câmbio) corroeram o ganho do exportador de produtos Não industriais, no primeiro trimestre de 2023, frente ao mesmo período de 2022.
Informações disponíveis até 15/05/2023.

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