Boletim de Balança Comercial - 07/2023​

  • As exportações registraram em junho valor ligeiramente inferior a US$ 30 bilhões, o que representou queda de 8,5% frente a junho do ano anterior (Tabela 1). Esta queda ocorreu em virtude de reduções registradas nas vendas externas de todas as classes de produtos, com destaque para a queda nos valores embarcados de Bens Manufaturados (-13,2%) e nos Bens Básicos (-6,1%). Cabe destacar que, somadas, as duas classes representaram quase 87% do total exportado no período.
  • No acumulado do ano e em 12 meses o quadro foi diferente: as variações nas exportações foram positivas. No acumulado até junho, as exportações brasileiras apresentaram elevação de 1,0%, enquanto as exportações acumuladas em 12 meses apresentaram elevação de 8,8%. Nesta comparação, todas as classes de produtos apresentaram elevações: os Manufaturados apresentaram crescimento de 9,9%, os Básicos de 8,6% e os Semimanufaturados elevações de 6,9%.  No acumulado do ano apenas os Manufaturados apresentaram queda nos embarques internacionais (-0,5%). Como pode ser visto no Gráfico 1, desde o início de 2023 os valores mensais acumulados em 12 meses das exportações apresentam estabilidade e pouco ganho marginal mês a mês.

Gráfico 1. Exportações: Evolução dos valores mensais acumulados em 12
meses (Em US$ bilhões)


Fonte: Elaborado pela Funcex a partir de dados da Secex/ME

  • As importações totais do país somaram US$ 19,5 bilhões em junho, representando queda acentuada de 18,2% em relação a junho do ano anterior (Tabela 3). No acumulado do ano os desembarques apresentaram queda de 7,7%, influenciada pelos declínios observados nos Combustíveis (-19,9%) e nos bens Intermediários (-11,1%). No acumulado em 12 meses os resultados são diferentes: as importações ainda acumulam crescimento (5,3%) influenciado pela elevação das importações de todas as grandes categorias econômicas, com destaque para as elevações nas importações de Bens de consumo não duráveis (24,1%). Como pode ser visto no Gráfico 2, apesar do crescimento em relação ao acumulado do ano passado, a série histórica apresentou declínio sequencial desde abril do ano vigente.  O quadro mostra um arrefecimento (últimos meses de 2022 e primeiros meses de 2023) e um decrescimento marginal na demanda interna de produtos internacionais, principalmente os intermediários.

Gráfico 2. Importações: Evolução dos valores mensais acumulados em 12 meses
(Em US$ bilhões)


Fonte: Elaborado pela Funcex a partir de dados da Secex/ME.

Gráfico 3. Evolução da Corrente de Comércio nos Primeiros Semestres,
segundo blocos e regiões selecionadas (Em US$ bilhões)


Fonte: Elaborado pela Funcex a partir de dados da Secex/ME.

  • O Gráfico 3 mostra a Corrente de Comércio dos primeiros semestres do Brasil com quatro regiões selecionadas: Argentina, China, EUA e União Europeia. Na passagem de 2022 para 2023 os dados mostram que o intercâmbio comercial brasileiro cresceu em três das quatro regiões selecionadas, contudo, com amplitude muito menos elevada. Como podemos observar, a Corrente de Comércio do primeiro semestre de 2023 com a UE apresentou crescimento marginal de 2,8%, saindo de US$ 48,5 bilhões no primeiro semestre de 2022 para US$ 49,9 bilhões no acumulado de janeiro a junho de 2023. O enfraquecimento da Corrente de Comércio com a União Europeia (Gráfico 3) foi causado pela queda na exportação brasileira para a região (-7,0%), visto que a importação apresentou variação positiva de 15%, na mesma comparação. Deve-se destacar o momento delicado da região, a guerra na Ucrânia, a inflação elevada, a taxa de juros mais alta (o Banco Central Europeu elevou recentemente a taxa de juros para 3,50%) e o crescimento econômico pressionado.  É valido lembrar que quanto maior o nível de juros, maior será a valorização da moeda estrangeira em relação ao Real, o que garante, tudo mais constante, uma rentabilidade maior para o exportador.
  • No tocante do comércio com o nosso país vizinho, a Argentina, a Corrente de Comércio apresentou crescimento nos volumes monetários apresentados no Gráfico 3, porém, com amplitudes menores nos primeiros semestres dos anos de 2021, 2022 e 2023. Com os Estados Unidos a Corrente de Comércio apresentou queda significativa de 13,5%, após duas elevações seguidas (18,6% e 43,0% em 2022 e em 2021). Diferentemente da UE, a queda na Corrente de Comércio com os EUA no primeiro semestre de 2023, na comparação com o mesmo período de 2022, foi ocasionada pela diminuição das importações (-22,0%) e das exportações (-2,0%). No que tange a economia americana, as expectativas para o próximo semestre não são as melhores. Em junho a inflação desacelerou para 3%, a menor desde março de 2021, contudo, a desaceleração se deve em parte a um alto efeito de base do ano passado, quando um aumento nos preços de energia e alimentos empurrou a taxa de inflação para 9,1%, o máximo desde 1981. No momento o ritmo com que as políticas estão sendo consolidadas é moderado. O Federal Reserve manteve sua meta para a taxa de juros inalterada no intervalo de 5% a 5,25%. Em junho de 2023, a taxa de desemprego nos EUA caiu ligeiramente para 3,6%. Concomitantemente, a taxa de desemprego oscilou entre 3,4% e 3,7% desde março de 2022, indicando um mercado de trabalho continuamente apertado, e permitindo ao Federal Reserve flexibilidade para continuar aumentando as taxas de juros para combater a inflação.
  • Com relação à Corrente de Comércio Brasil-China, no primeiro semestre de 2023 a variação foi marginal (0,4%), no período o fluxo alcançou US$ 36 bilhões. Na comparação as exportações cresceram 6,0% e as importações diminuíram 9,0%. No primeiro trimestre desse ano a economia chinesa cresceu 2,2%. É importante destacar que esta foi a terceira expansão trimestral consecutiva desde que Pequim suspendeu as restrições do COVID em dezembro passado e aliviou uma repressão de três anos a empresas e propriedades tecnológicas. Em junho, o Banco Popular da China (PBoC) cortou duas das taxas de empréstimo mais importantes, pela primeira vez desde agosto de 2022. Atualmente, as autoridades chinesas estão tentando manter o crescimento. O mecanismo de empréstimo de médio prazo, conhecido como taxa preferencial de empréstimo de um ano (LPR) foi reduzido para 3,55%. A taxa de cinco anos, referência para hipotecas, foi reduzida para 4,2% ao ano.
  • No geral, o quadro com os nossos principais parceiros não é favorável. O comércio exterior como um todo está sentindo reflexo dos impactos da recessão global. Cabe destacar que as projeções mais recentes de crescimento global, divulgadas pelo FMI, sugerem desaceleração ainda mais intensa da atividade econômica nos próximos meses de 2023. Com relação ao crescimento doméstico, as expectativas são de variações positivas nos próximos trimestres e a expectativa FOCUS é de crescimento da ordem de 2,2%, comparado a 2022 (dados do dia 30/06/2023).
  • O Índice de rentabilidade das exportações brasileiras registrou elevação marginal em maio de 0,5%, na comparação com o abril do mesmo ano. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, no acumulado do ano e no acumulado 12 meses, a rentabilidade das exportações registrou declínio de 1,8% e de 0,1% e 0,9%, respectivamente. Na comparação com maio de 2022 a rentabilidade apresentou queda de 1,8%, que está relacionada à queda nos preços dos produtos exportados (-13,5%) e à valorização do Real no período (0,6%), visto que os custos apresentaram queda de 11,5%.
  • Em junho, na comparação com o mesmo mês de 2022, a taxa de câmbio real, deflacionada pelo IPC, registrou desvalorização frente ao Dólar de 3,8% e com relação ao Euro, desvalorização de 11,4%.  Quando comparado à Cesta da ALADI e à cesta de moedas dos BRICS, apresentou desvalorização de 14,8% e de 0,4%, respectivamente, como pode ser visto na Tabela 8. Na comparação com maio de 2022, o Real registrou desvalorização de 3,5% frente à moeda americana e desvalorização de 8,4% frente ao Euro.
Informações disponíveis até 10/ 07/2023.

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